Black Mirror Final de ‘Men Against Fire’, Explicado

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Como a maioria dos episódios de Black Mirror, “Men Against Fire” explora as dificuldades de manter empatia humanística diante da tecnologia moderna intrusiva. Dirigido por Jakob Verbruggen, este é o penúltimo episódio da terceira temporada e frequentemente foi comparado à clássica série de antologia, The Twilight Zone. Ele mergulha profundamente na tecnoparanoia, examinando como os piores impulsos da humanidade podem ser incentivados no ambiente “certo”.

Enquanto os episódios anteriores da série da Netflix, como “White Bear”, mostram os infratores recebendo uma espécie de justiça pervertida, “Men Against Fire” absolve os infratores de qualquer crime. Mesmo que ele se apoie fortemente em vários clichês de ficção científica, ele é eficaz em ilustrar como cada indivíduo se torna apenas mais uma engrenagem na máquina quando se trata de guerra de alta tecnologia. O final, como pode ser esperado de qualquer história de Black Mirror, é desconfortável e não totalmente irrealista.

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O que é “Men Against Fire” de Black Mirror?

Passado em um futuro indeterminado, “Men Against Fire” começa com Stripe Koinange (Malachi Kirby) fantasiando sobre uma mulher bonita. Ele é um novo recruta no exército, cuja primeira missão envolve visitar uma vila próxima onde o suprimento de alimentos foi saqueado e contaminado pelos “baratas” (aparentemente algum tipo de verme com sangue infectado). Stripe e seus companheiros soldados seguem a líder do esquadrão, Medina (Sarah Snook), para investigar uma pista: um homem cristão devoto chamado Parn Heidekker (Francis Magee), que já foi conhecido por simpatizar com as baratas no passado. É revelado neste ponto que cada soldado possui um implante neural chamado Massa, que fornece informações por meio de realidade aumentada, dá a eles uma vantagem tática e até reforça o comportamento “bom”.

Quando os soldados chegam à propriedade abandonada de Heidekker, Medina o interroga enquanto o restante procura. Stripe eventualmente descobre um ninho de baratas, que aparecem como humanóides pálidos e agressivos. Ele consegue matar dois, depois pega um estranho dispositivo que um deles tinha. Ele acidentalmente pisca sua luz verde brilhante em seu olho, o que o faz ouvir um som de assobio de alta frequência. Quando o resto das baratas foi morto, Heidekker é preso e a casa é incendiada.

Stripe logo passa por uma série de eventos que o fazem acreditar que seu sistema Massa está com mau funcionamento. Até seus “sonhos doces” com a mesma mulher – uma recompensa por suas mortes – parecem estar com falhas. Depois que o implante de Stripe passa por todos os diagnósticos, ele visita o psiquiatra militar Arquette (Michael Kelly), que conclui a sessão dizendo que ele só precisa de “uma boa noite de sono”. No entanto, o sonho recorrente de Stripe continua com falhas e é muito mais intenso desta vez.

No dia seguinte, Medina, Stripe e a camarada Raiman (Madeline Brewer) visitam um complexo onde acreditam que mais baratas estão se escondendo. Stripe descobre que recuperou seu sentido de cheiro enquanto o resto de suas habilidades (como ler os hologramas) é afetado. Um atirador de baratas mata Medina, e os outros dois entram no prédio. A luta resultante confirma que as pessoas “humanas” que Stripe vê parecem baratas para Raiman. Antes que esta pudesse assassinar uma mãe e seu filho, Stripe a nocauteia e acaba em um covil subterrâneo com os dois.

A mulher, Katarina, revela que os implantes Massa condicionam os soldados a verem seu alvo como criaturas grotescas enquanto entorpecem seus sentidos, para que possam realizar genocídio de maneira mais eficaz. As “baratas” são na verdade humanos que foram declarados geneticamente inferiores. Após uma guerra 10 anos antes, a percepção do público foi moldada pela propaganda do governo. É por isso que os civis, que nem mesmo têm os implantes, ainda desprezam esses indivíduos ostracizados, pois foram alimentados com informações sobre o quão perigosos eles são. O dispositivo que Stripe encontrou foi revertido pelas baratas para desativar o Massa, para que os soldados pudessem vê-los como humanos.

Raiman, que os rastreou, irrompe neste momento para matar Katarina e seu filho e nocauteia Stripe.

Como termina “Men Against Fire”?

Stripe é mostrado em uma cela, onde ele é visitado por Arquette. Arquette admite ao soldado que o sistema Mass foi desGameTopisado para desumanizar o inimigo, tornando mais fácil para os soldados puxar o gatilho. Isso foi considerado necessário para “proteger a linhagem sanguínea”, já que as baratas têm predisposição genética a doenças. Ele também mostra imagens de vídeo de um Stripe ingênuo concordando em receber o implante, sabendo que seu consentimento seria apagado da memória mais tarde. Isso é uma representação de soldados jovens e conciliadores que não têm plena consciência do que estão se inscrevendo e se sujeitam à manipulação do governo.

Arquette dá a Stripe uma escolha. Ele pode concordar em ter sua memória dos últimos dias apagada, com um reset completo do Mass. Alternativamente, ele pode reviver o horror de matar brutalmente baratas, sem a realidade aumentada, em loop constante (semelhante ao que é mostrado no episódio “White Christmas” de Black Mirror). A cena corta para Stripe, vestido com seu uniforme militar, em pé na frente de uma casa bonita e a mulher dos seus sonhos o recebendo – uma versão idealizada do retorno militar para casa. Na realidade, como o espectador pode ver, a casa está em ruínas e não há ninguém esperando por ele. Uma única lágrima cai do rosto de Stripe, sugerindo que ele não está totalmente ciente de que isso é apenas uma ilusão.

No livro Inside Black Mirror, o criador da série, Charlie Broker, afirma que o título do episódio foi inspirado no livro Men Against Fire: The Problem of Battle Command, de S.L.A. Marshall, que afirma que mais de 70% dos soldados eram incapazes de disparar seus rifles durante a Segunda Guerra Mundial (um fato que Arquette também explica a Stripe). “Men Against Fire” destaca o papel da autoridade na propagação de informações falsas para que os soldados se sintam justificados em exterminar aqueles que eles veem como ‘sub-humanos’. Os sonhos vistos no episódio sugerem a vida prometida aos militares em troca de seu serviço. Raiman é tão fanática pela causa que ela sente que é seu dever matar Heidekker também. Ela até sugere queimar toda a floresta para que as baratas não tenham onde se esconder – esquecendo que ela também está comprometendo a segurança daqueles a quem ela deveria proteger.

O próprio Mass também simboliza o consumo excessivo de mídia pelas massas. O fluxo constante de desinformação os divide, cria histeria e remove a empatia. No entanto, como resume a produtora de Black Mirror, Annabel Jones, “a propaganda, militar e pessoal, continua”.

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